Previamente em: http://unimep.edu.br/noticias/capacitacao-ministrada-por-docente-e-alunos-une-conhecimento-a-oportunidades-para-a-construcao-de-moradia

Produção de tijolo solocimento

Oferecer aos alunos de arquitetura e urbanismo da Unimep conhecimento e experiência para a trajetória profissional e, ao mesmo tempo, apresentar possibilidades para a construção de moradia e geração de renda por meio da venda de tijolos ecológicos. Esses estão são alguns dos resultados da capacitação gratuita sobre tijolo ecológico oferecida a 45 trabalhadores residentes em Campinas, e ministrada pelo prof. Eduardo Salmar, docente de arquitetura e urbanismo da Unimep, com a participação de alunos da graduação.

A inciativa está ligada à parceria da Unimep, por meio do curso de arquitetura e urbanismo, com a Cátedra Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) em Arquitetura de Terra. Nela, os universitários participam como monitores nas atividades realizadas nos laboratórios e espaços distintos do campus Santa Barbara d´Oeste.

A capacitação compõe o programa de impacto social Abatauá, criado em parceria com comunidades de Campinas vinculadas à Associação Paulista de Apoio aos Trabalhadores Desempregados (Apoio). O objetivo é o de gerar renda e emprego às famílias por meio do desenvolvimento de uma fábrica de tijolos ecológicos (Ecojolo). O projeto Abatauá é realizado em conjunto com a Enactus, organização internacional sem fins lucrativos.

Com a Enactus, estudantes de instituições de ensino superior podem formar equipes para idealizar, desenvolver e implementar projetos sociais autossustentáveis para melhorar a qualidade e o padrão de vida de comunidades. O Abatauá é um dos projetos desenvolvidos pelo time de alunos Enactus Facamp (Faculdades de Campinas), com a coordenação de docentes e líderes.

De acordo com Salmar, as ações ligadas ao projeto Abatauá tiveram início em agosto de 2017. Ele destaca, no entanto, que, desde 2003, por meio de parceria com a Unesco, também são promovidas na universidade a capacitação em bloco de terra comprimida (BTC).

CARTILHA – Além do programa de estudo, o programa Abatauá inclui a produção da cartilha Tijolo Ecológico – Da Teoria à Prática, a ser lançada em outubro. A publicação, que também contou com o envolvimento de alunos da graduação e técnicos de laboratório do campus Santa Bárbara d´Oeste da Unimep na elaboração, será distribuída gratuitamente aos moradores de distintas ocupações de Campinas.

O objetivo da publicação é reunir o material técnico relativo à produção, manuseio e aplicação do bloco de terra comprimida (BTC) em obras, de maneira prática e objetiva. Além de reforçar a utilização do tijolo ecológico como produto inteligente no mercado de construção civil, a cartilha também poderá ser um guia prático e técnico aos colaboradores para o cotidiano da fábrica e da obra.

CONVÊNIO – A aproximação da Unimep com a Cátedra Unesco foi formalizada a partir de assinatura do convênio ocorrida em 1999 na cidade de Paris, sede da Chaire Unesco Educação, conta Salmar. A parceria é válida até 2020 e, após, poderá ser renovada.

Com o convênio, detalha o professor, os estudantes da Unimep podem ter acesso a publicações impressas e em outras mídias, tais como o boletim trimestral do Proterra (www.redproterra.org); além de vivência e socialização com estudantes estrangeiros que participam de estágios no Laboratório de Sistemas Construtivos em Terra Crua; desenvolvimento de atividades de construção no canteiro experimental do curso de arquitetura e urbanismo e desenvolvimento de projetos de iniciação científica.

Além dessas atividades, Salmar aponta outras ações desenvolvidas em parceria com a Unesco: a produção da cartilha Produção de Tijolos de Solo Cimento, direcionada aos assentados da cidade de Sumaré e disponível no portal www.unimep.br/editora, na área de publicações gratuitas; e as atividades do grupo Unieco (Universidades Ecológicas), que consiste em equipe de trabalho com o objetivo de apresentar propostas com valores ecológicos e modelos de gestão para implantação em universidades.

“Essa atividade tem o objetivo de proporcionar a redução dos custos de manutenção do campus de Santa Bárbara d'Oeste. Com o projeto de sustentabilidade do campus, propusemos soluções para reuso de água pluvial e geração de energia elétrica através de placas fotovoltaicas. O projeto envolveu cinco alunos de arquitetura e urbanismo e já foi encaminhado ao reitor da Unimep”, afirma Salmar.

Texto: Assessoria de Comunicação e Imprensa Unimep 

Como construir com terra

Nossa escola será de terra Estamos propondo o uso da terra como matéria prima básica para a construção da Escola Nacional Florestan Fernandes. Pretendemos transformar a construção da escola numa escola de construção, capacitando profissionais, para que esta técnica seja multiplicada na construção de moradias nos novos assentamentos. Deste modo, através do uso do material DISPONÍVEL - a terra - e da farta mão de obra dos companheiros e companheiras, poderemos alcançar uma melhor qualidade nas nossas edificações. Um conjunto de justificativas nos conduziram a tomar esta decisão:

1 - Tecnológica - Gera emprego, conhecimento e autonomia.

2 - Econômica - Temos fartura de mão de obra e de material.

3 - Ambiental - De baixíssimo consumo de energia não renovável, não gera entulho, o material é reciclável e resulta numa moradia mais saudável para o ser do que aqueles que se utilizam de materiais sintéticos que não respiram, etc.

4 - Conforto - Esta técnica proporciona um excelente conforto térmico e acústico.

5 - Cultural - Resgata uma tradição quase esquecida. Este conjunto de motivos sintetizam uma decisão: construir com terra é, acima de tudo, uma decisão política. A construção com terra, em nosso pais, é parte de nossa cultura e história. Tradicionalmente o saber desta técnica passava através das gerações, garantindo assim a autonomia para edificar. Nossos monumentos históricos foram construídos com terra. No entanto, a partir da década de 60, o governo brasileiro promoveu uma ampla campanha nacional associando esta tradição a doença de Chagas(provocada pelo 'barbeiro') criando assim um preconceito contra a utilização da terra na construção. POPULARIZOU-SE, INTENCIONALMENTE, a associação da proliferação do "barbeiro" com as casas CONSTRUÍDAS com terra. Esta manipulação tinha o objetivo servir à indústria do cimento. Foi quando se iniciava a construção maciça de moradias populares financiadas pelo BNH - um banco que por sua própria natureza visava alcançar lucro. No entanto, sabemos que o 'barbeiro' vive em cavidades e a este inseto pouco importa se esta cavidade é de terra, de madeira ou de cimento. O que ele busca são condições ideais de temperatura e luminosidade. Por isso, a doença de Chagas continua existindo aonde há miséria e moradias de baixa qualidade. O uso da terra em construção é tão antigo quanto a CULTURA humana, especialmente onde não existiam outros materiais disponíveis tais como pedra ou madeira. Em todo o planeta, o uso deste material foi empregado e em alguns lugares com muito sucesso e sofisticação. Na China, por exemplo, até os dias presentes, a terra é amplamente utilizada como material básico de construção. Existem em, Tongding, EDIFÍCIOS de muitos andares, de 500 anos de idade.

As TECNOLOGIAS que empregam a terra como matéria prima básica são: a taipa, os tijolos de adobe (secos aos sol) e Blocos de Terra Comprimida (BTC), dentre outras. Ainda pode-se considerar o uso de solo cimento, que é uma técnica que inclui uma pequena porcentagem de cimento na mistura, da ordem de 6% do volume total. Esta combinação pode ser aplicada em taipa (reduzindo assim a espessura das paredes) e nos BTC. Sendo esta ultima combinação considerada a mais ECONÔMICA ao longo do ciclo de vida de uma edificação. Este material consome 25% da energia necessária para produzir um tijolo de argila comum e 35% daquela necessária para produzir um bloco de concreto. Quando de uma demolição, o MATERIAL pode ser reciclado e reutilizado como material de construção. Sua resistência a cargas é comparável e mesmo superior aos blocos e tijolos de uso comum. Existe ampla bibliografia sobre este assunto. Vivemos, presentemente, uma revalorização da importância de utilizar essa técnica em NOSSAS CONSTRUÇÕES.

Os arquitetos preocupados com o meio ambiente estão desenvolvendo aprimoramento tecnológico, aproveitando mecanizações e modernizando o método CONSTRUTIVO, de modo a TORNÁ-LO adequado a nossos tempos. São muitos os centros de pesquisa e estudo. Para mencionar alguns exemplos, de Estados Unidos, The Earth Architecture Center, ligado à Universidade no Novo México em Albuquerque; no oriente médio o legado do Arquiteto Hassan Fathy e, principalmente, na França o Instituto Craterre associado à Escola de Arquiteturade Grenoble. Em São Paulo a Faculdade de Arquitetura da UNIMEP em Santa Bárbara D'Oeste onde existe um laboratório tecnológico, assim como também na USP de São Carlos, onde são realizados trabalhos e pesquisas. Assim, é errônea a IDEIA de que a construção de terra significa uma simples volta ao passado e, mais especificamente, ao atraso.